quinta-feira, 27 de outubro de 2011

NGC 1999 - Nebulosa de Reflexão

A sul da grande região de formação conhecida como Nebulosa de Orionte, situa-se a brilhante nebulosa de reflexão azul NGC 1999.

Crédito: Adam Block, Mt. Lemmon SkyCenter, U. Arizona

Também na fronteira do complexo de nuvens moleculares de Orionte, a uns 1500 anos-luz de distância, a iluminação de NGC 1999 é providenciada pela estrela variável embebida V380 Orionis.

A nebulosa é marcada pela forma de um T deitado e escuro perto do centro nesta grande vista cósmica que cobre mais de 10 anos-luz. Pensava-se que esta forma escura era uma nuvem de poeira obscurecente, vista em silhueta contra a brilhante nebulosa de reflexão.

Mas recentes imagens no infravermelho indicam que a forma é provavelmente um buraco dentro da própria nebulosa, "soprado" por estrelas jovens e energéticas. De facto, esta região contém muitas destas estrelas que produzem jactos e fluxos e que criam ondas de choque luminosas.

Catalogados como objectos Herbig-Haro (HH), em nome dos astrónomos George Herbig e Guillermo Haro, os choques aparecem como vermelho-vivo nesta imagem que inclui HH1 e HH2 mesmo por baixo de NGC 1999. Os jactos estelares e fluxos empurram o material em redor a velocidades de centenas de quilómetros por segundo.





Uma brilhante e poeirenta nebulosa contrasta dramaticamente com uma nebulosa escura nesta imagem do Telescópio Espacial Hubble, registada pouco tempo depois da missão orbital de serviço de Dezembro de 1999.

A nebulosa, catalogada como NGC 1999, é uma nebulosa de reflexão, que brilha ao reflectir a luz de uma estrela vizinha. Ao contrário das nebulosas de emissão, cujo brilho avermelhado deriva dos átomos excitados do gás, as nebulosas de reflexão têm um tom azulado pois a poeira interestelar preferencialmente reflecte a luz estelar azul. Embora a nebulosa de reflexão mais famosa seja a que rodeia o enxame estelar aberto das Plêiades, a iluminação estelar de NGC 1999 provém da estrela variável V380 Orionis, vista aqui mesmo para a esquerda do centro. Extendendo-se para a direita do centro, a nebulosa escura é na realidade uma condensação de uma nuvem molecular de gás frio e poeira tão espessa e densa que bloqueia a luz.

Da nossa perspectiva situa-se em frente da brilhante nebulosa, tendo como pano de fundo o brilho fantasmagórico da nebulosa. De certo que se irão formar novas estrelas dentro da nuvem escura, chamada glóbulo de Bok, à medida que a sua gravidade continua a comprimir o denso gás e poeira.

A nebulosa de reflexão NGC 1999 situa-se a 1,500 anos-luz de distância na direcção da constelação Orionte, a Sul da bem conhecida nebulosa de emissão, M42.
Crédito: Hubble Heritage Team (STScI) e NASA




HERSCHEL ENCONTRA UM BURACO NO ESPAÇO  


 
O telescópio espacial infravermelho da ESA, Herschel, fez uma descoberta inesperada: um buraco no espaço. O buraco deu aos astrónomos um surpreendente vislumbre do final do processo de formação de estrelas.

As estrelas nascem em nuvens densas de pó e gás que podem ser estudadas com detalhe graças ao Herschel. Apesar de já terem sido vistos jactos e ventos de gás vindos de estrelas novas, foi sempre um mistério a forma exacta como uma estrela usa isso para afastar o envolvente e emergir das sua nuvem de nascimento. Agora, pela primeira vez, o Herschel pode estar a observar um passo inesperado neste processo.

Uma nuvem de gás brilhante e a reflectir, conhecida como NGC 1999, está ao lado de uma parte preta do céu. Durante grande parte do século XX, estas manchas negras foram conhecidas como nuvens densas de gás e poeira que bloqueiam a passagem da luz.


NGC 1999: um verdadeiro buraco no espaço
Crédito: ESA/Consórcio HOPS
(clique na imagem para ver versão maior)

Quando o Herschel foi apontado nesta direcção para estudar as estrelas novas vizinhas, a nuvem continuou a parecer preta. Mas isto não devia acontecer. Os olhos infravermelhos do Herschel foram desenhados para ver por dentro das nuvens. Ou a nuvem era muito densa ou então alguma coisa estava errada.

Investigando mais ainda, usando telescópios terrestres, os astrónomos depararam-se com o mesmo, mas pensaram: esta mancha parece preta não por ser um denso amontoado de gás mas porque está verdadeiramente vazia. Alguma coisa fez uma buraco na nuvem. «Nunca tinha sido visto um buraco destes», diz Tom Megeath, da Universidade de Toledo, Estados Unidos. «É tão surpreendente como sabermos que temos buracos de minhocas no jardim e descobrir numa manhã que estes se transformaram num gigantesco buraco.»

Os astrónomos pensam que o buraco deve ter-se aberto quando os jactos de gás de algumas das estrelas jovens na região furaram o lençol de pó e gás que formam NGC 1999. A radiação poderosa de uma estrela madura vizinha pode também ter ajudado a limpar o buraco. Qualquer que seja a cadeia precisa de eventos, pode ser um importante vislumbre acerca da forma como as estrelas recém-nascidas dispersam as suas nuvens de nascimento.

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