terça-feira, 17 de abril de 2012

Abell 754 - A TEMPESTADE CÓSMICA PERFEITA

Com o telescópio XMM-Newton da ESA, uma equipa internacional de cientistas observou uma colisão vizinha de dois enxames galácticos em que chocaram violentamente milhares de galáxias e milhares de milhões de estrelas. É um dos mais poderosos eventos registrados de que há memória. Tais colisões são apenas ultrapassadas pelo poder do Big Bang no que respeita ao total de energia libertada.


Animação exemplificativa do choque galáctico ocorrido. 
Os pequenos pontinhos verdes são galáxias 
contendo milhares de milhões de estrelas . Crédito: NASA 

O evento descrito é o que os cientistas chamam de 'tempestade cósmica perfeita': enxames de galáxias que colidiram como duas frentes meteorológicas de alta-pressão e que criaram condições favoráveis à criação de "furacões", atirando galáxias para bem longe do seu percurso e agitando ondas de choque de gás com 100 milhões de graus através do espaço intergaláctico.

Esta visão sem precedentes de uma fusão em ação cristaliza a teoria de que o Universo construíu a sua magnífica estrutura hierárquica de 'baixo para cima' - essencialmente através da união de galáxias mais pequenas e enxames galácticos em outros maiores.

"Em frente aos nossos olhos vemos a criação de um dos maiores objetos do Universo," disse o Dr. Patrick Henry da Universidade do Hawaii, que liderou o estudo. "O que era há 300 milhões de anos dois distintos mas pequenos enxames galácticos, é agora um super-enxame envolvido num turbilhão."


Henry e os seus colegas, Alexis Finoguenov e Ulrich Briel do Instituto Max Planck para a Física Extraterrestre na Alemanha, irão apresentar estes resultados posteriormente numa edição do Jornal Astrofísico. A previsão destes novos super-enxames, dizem, é 'clara e pacífica', agora que o pior da tempestade já passou.


Os enxames de galáxias são as maiores estruturas graviticamente ligadas do Universo, contendo centenas e até milhares de galáxias. A nossa Via Láctea é parte de um pequeno grupo mas não está graviticamente ligado ao mais próximo enxame, o Enxame de Virgem. No entanto, estamos destinados a colidir com uma galáxia daqui a uns quantos milhares de milhões de anos.


O enxame com o nome de Abell 754 na constelação de Hidra  já é conhecido há décadas. No entanto, para a surpresa dos cientistas, a nova observação revela que a fusão pode ter ocorrido na direção oposta do que anteriormente se pensava. Encontraram provas deste fato ao analisar os restos desta união, que se estendem numa distância de milhões de anos-luz. Embora se conheçam outras grandes uniões, nenhuma tinha sido estudada com tanto detalhe como Abell 754.


Pela primeira vez, os cientistas puderem criar um completo 'mapa meteorológico' de Abell 754 e assim determinar uma previsão. Este mapa contém informação acerca da temperatura, pressão e densidade do novo enxame. Tal como em todos os enxames, a maioria da matéria vulgar encontra-se sob a forma de gás entre as galáxias e não fechada nas mesmas ou nas estrelas propriamente ditas. As forças brutais dos enxames em colisão aceleraram o gás intergaláctico a grandes velocidades. Isto resultou na formação de gigantescas ondas de choque que aqueceram o gás a temperaturas altíssimas, que depois emitiram luz de raios-X, muito mais energética que a luz visível que os nossos olhos podem detectar. O XMM-Newton, em órbita, detecta este tipo de luz altamente energética.


A observação implica que as maiores estruturas no Universo estejam essencialmente ainda em formação. Abell 754 é relativamente perto, a mais ou menos 800 milhões de anos de distância. Mesmo assim, a restante construção estará provavelmente completa daqui a uns quantos milhares de milhões de anos.

Uma substância misteriosa conhecida como 'energia negra' parece estar a acelerar o ritmo de expansão do Universo. Isto significa que os objetos estão a afastar-se uns dos outros a uma sempre crescente velocidade e que os enxames poderão eventualmente deixar de ter a oportunidade de colidirem uns com os outros.

M 016 - Nebulosa da Águia

 









 
 

domingo, 1 de abril de 2012

M 031 - Galáxia de Andrômeda

M 031 - Galáxia de Andrômeda - Grupo Local 
A Galáxia de Andrómeda, também conhecida por M31, é o objeto mais distante visível a olho nu, tem um desvio para o azul espectralmente.

Isto significa que a Via Láctea e Andrómeda estão a aproximar-se.
Ainda mais, sabe-se que irão colidir num futuro muito afastado.

Estima-se que M31 tenha quase 200.000 anos-luz de diâmetro ou uma vez e meia o tamanho da nossa Via Láctea.

O seu núcleo brilhante é a nuvem difusa visível a olho nu.
Tal como a nossa Galáxia, M31 tem algumas galáxias satélites.
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Duas destas: M32 e M110 podem ser observadas com baixa ampliação num telescópio pequeno ou médio, no mesmo campo que M31.

Existem ainda outras duas companheiras (NGC 147 e 185) que são bastante mais tênues e mais afastadas, perto da fronteira com a vizinha Cassiopeia.


Durante muito tempo, M31 foi popularmente referida como a Nebulosa de Andrómeda.
Quando se observa a Galáxia de Andrômeda, estará a fazer algo que ninguém no mundo, à exceção de um observador dos céus, consegue fazer: estará na realidade a olhar para o passado.

Existe uma muito boa razão para este borrão de luz aparecer tão tênue à vista desarmada.... considere que esta luz viajou durante aproximadamente 2,5 milhões de anos para chegar até aqui, viajando sempre à tremenda velocidade de 1080 milhões de quilômetros por hora.

A luz que observa tem cerca de 25.000 séculos de idade e começou a sua viagem por volta da mesma altura do nascimento do Homem. ...a distância que já percorreu é tão inconcebível que só o fato de tentar escrever o número em quilômetros é completamente insignificante.
 
Para observar esta "pequena nuvem" é necessário uma boa visão e uma noite escura e limpa, sem luzes da rua, de casa, ou da cidade para interferir. À vista desarmada parece nada mais que um brilho misterioso e indefinido: um borrão difuso e alongado, talvez com duas ou três vezes o tamanho aparente da Lua.
Para a encontrar, localize o Grande Quadrado de Pégaso. A seguir, foque os seus binóculos na brilhante estrela Alpheratz, que se encontra no canto superior esquerdo do Quadrado. Siga para Este (esquerda) até à estrela Mirach em Andrómeda no seu campo de visão. Depois, para cima até uma estrela razoavelmente brilhante acima de Mirach e siga subindo na mesma direcção até que encontra a "pequena nuvem". Este é o nosso alvo
 Crédito: Observatório Jodrell Bank






 


ESPETACULAR RETRATO DE ANDRÔMEDA PELO SPITZER
18 de Outubro de 2005

O Telescópio Espacial da NASA, Spitzer, capturou uma esplêndida imagem em infravermelho de M31, a famosa galáxia espiral também conhecida como Andrômeda.



Andrômeda é a galáxia mais estudada depois da Via Láctea, e mesmo assim os sensíveis olhos infravermelhos do Spitzer detectaram cativantes novas características, incluindo velhas e brilhantes estrelas, e um arco espiral no centro da galáxia. 

A imagem também revela um anel não-centrado de formação estelar e um buraco no disco espiral de braços da galáxia. Estas características assimétricas podem ter sido causadas por interações com as várias galáxias-satélite que rodeiam Andrômeda.

"Ocasionalmente pequenas galáxias-satélite atravessam as maiores," disse o Dr. Karl Gordon do Observatório Steward, Universidade do Arizona, Tucson, principal investigador do novo observatório. "Parece que uma pequena galáxia criou um buraco no disco de Andrômeda, tal como um pequeno calhau quebra a superfície de um lago."

A aproximadamente 2.5 milhões de anos-luz de distância, Andrômeda é a mais próxima galáxia espiral e a única visível a olho nu. Ao contrário da nossa Via Láctea, que vemos de dentro, Andrômeda é estudada por fora. 

Os astrônomos acreditam que Andrômeda e a Via Láctea irão eventualmente fundir-se numa só.

O Spitzer detecta poeira aquecida pelas estrelas na galáxia. O seu fotómetro multibanda de 24 micrómetros registou aproximadamente 11,000 fotos separadas no infravermelho ao longo de 18 horas para criar este novo mosaico. A resolução e sensibilidade do instrumento são dois dos grandes aperfeiçoamentos na tecnologia infravermelha, o que permite aos cientistas traçar as estruturas espirais em Andrómeda até um nível de detalhe sem precedentes.
"Em contraste com a regular aparência de Andrómeda em comprimentos de onda ópticos, a imagem do Spitzer revela um bojo nuclear bem definido e um sistema de braços espirais," disse a Dr. Susan Stolovy, co-investigadora do Centro Científico do Spitzer no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena.

O bojo central da galáxia brilha na luz emitida devido à poeira aquecida por estrelas velhas e gigantes. Mesmo por fora do bojo, um sistema de braços espirais interiores podem ser observados, e por fora deste, um bem conhecido e proeminente anel de formação estelar.

NGC 6946 - Galáxia do Fogo de Artifício



 
- Crédito: T. Rector (U. Alaska Anchorage), Gemini Obs., AURA

A vizinha galáxia espiral NGC 6946 está passando por uma tremenda explosão de formação de estrelas sem nenhuma causa óbvia.

Em muitos casos, espirais acendem-se quando interagem com uma outra galáxia, mas NGC 6946 parece relativamente isolada no espaço.

Localizada a apenas 10 milhões de anos-luz de distância na direção da constelação de Cefeu, esta bela espiral virada para nós mede cerca de 20.000 anos-luz e é vista dentro de um campo de estrelas, no primeiro plano, da nossa Via Láctea. 
 
O centro de NGC 6946 é lar de uma explosão nuclear de estrelas e poeiras escuras pitorescas é visto atando o disco com brilhantes estrelas azuis, nebulosas de emissão vermelhas, nuvens de gás em movimento rápido e supernovas de frequência incomum.

O Telescópio Gemini Norte de 8 metros no Hawai, EUA, tirou a imagem do lado. Uma explicação sugerida para a alta taxa de formação estelar é o crescimento recente de muitas nuvens primordiais de hidrogénio neutro de baixa massa provenientes da região vizinha.

 

A vizinha galáxia espiral NGC 6946 é uma tremenda fábrica de estrelas. 

As regiões vermelhas da galáxias são grandes regiões H II onde a formação estelar decorre num ritmo tremendo.


Crédito: Observatório Gemini/Travis Rector, Universidade de Alaska Anchorage