terça-feira, 25 de outubro de 2011

Abell 2151 - Enxame Galáctico de Hércules




Constelação de Hécules e a localização de Abell 2151


  UM ENCONTRO DE GALÁXIAS

O VLT Survey Telescope (VST), instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, obteve imagens de um conjunto de galáxias em interação no enxame de galáxias de Hércules. A nitidez da nova imagem e as centenas de galáxias obtidas com grande detalhe em menos de três horas de observação, mostram bem a grande capacidade do VST, e da sua enorme câmara OmegaCAM, para explorar o Universo próximo.

O enxame de galáxias de Hércules (também conhecido como Abell 2151) situa-se a cerca de 500 milhões de anos-luz de distância na constelação de Hércules. Este enxame é claramente diferente de outras associações de galáxias próximas. Para além de apresentar uma forma bastante irregular, o enxame contém uma grande variedade de tipos de galáxias, em particular galáxias espirais jovens que se encontram a formar estrelas, não se observando nenhuma galáxia elíptica gigante.

A nova imagem foi tirada com o VST, o mais recente telescópio instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile. O VST é um telescópio de rastreio, equipado com uma câmara de 268 milhões de pixels, a OmegaCAM, que captura imagens de grandes áreas do céu. Normalmente, apenas pequenos telescópios conseguem obter imagens de objetos tão grandes como este duma única vez, mas o VST de 2,6 metros não só possui um grande campo, como também tira todas as vantagens das excelentes condições de observação do Paranal, conseguindo assim obter muito rapidamente imagens que são simultaneamente muito nítidas e muito profundas.


Por toda a imagem podemos observar pares de galáxias aproximando-se muito umas das outras. Este processo originará a fusão das galáxias numa só galáxia maior. As numerosas interações e o grande número de galáxias em espiral ricas em gás que se encontram a formar estrelas, fazem com que os membros do enxame de galáxias de Hércules se pareçam com as galáxias jovens do Universo mais longínquo. Devido a esta semelhança, os astrônomos pensam que este enxame de galáxias é um enxame relativamente jovem. Trata-se dum emaranhado de galáxias, vibrante e dinâmico que, no futuro, se assemelhará aos enxames de galáxias mais velhos, típicos da nossa vizinhança galáctica.

Os enxames de galáxias formam-se quando pequenos grupos de galáxias se juntam devido à força da gravidade. À medida que estes grupos se aproximam uns dos outros, o enxame torna-se mais compacto e de forma mais esférica. Ao mesmo tempo, as próprias galáxias aproximam-se entre si e começam a interagir. Mesmo que inicialmente as galáxias espirais predominem nestes grupos, as colisões galácticas levam a eventuais distorções das suas estruturas espirais e ao arrancamento de gás e poeira, o que trava a formação estelar. Por isso, a maioria das galáxias num enxame mais evoluído são elípticas ou irregulares. Uma ou duas galáxias elípticas gigantes, formadas a partir da fusão de várias galáxias mais pequenas e permeadas de estrelas velhas, costumam encontrar-se no centro destes enxames velhos.

Pensa-se que o enxame de galáxias de Hércules é uma coleção de, pelo menos, três enxames ou grupos de galáxias mais pequenos, que se encontram neste momento a formar uma estrutura maior. Mais ainda, o próprio enxame está em fusão com outros enxames grandes, o que irá dar origem a um super-enxame de galáxias. Estas gigantescas coleções de enxames são algumas das maiores estruturas do Universo. O grande campo de visão e a qualidade de imagem da OmegaCAM, montada no VST, tornam este instrumento ideal no estudo das regiões periféricas dos enxames de galáxias, onde interações entre os enxames, interações essas que ainda não são bem compreendidas, se estão a processar.

Esta imagem mostra não apenas as galáxias do enxame de galáxias de Hércules, mas também muitos objetos tênues e difusos no campo de fundo, que são galáxias muito mais afastadas. Em primeiro plano e muito mais próximo de nós, podem ver-se várias estrelas brilhantes da Via Láctea, observando-se igualmente alguns asteróides através dos curtos rastos que deixaram na imagem à medida que se deslocaram lentamente ao longo desta durante as exposições.


Este é um mapa do aglomerado de Hercules. 
Mostra 115 das galáxias mais brilhantes na área central que corresponde a 1 grau
 Este é um aglomerado interessante porque contém uma grande variedade de tipos de galáxias diferentes.






Crédito: Ken Crawford

Estas são as galáxias do Enxame de Hércules, um arquipélago de universos-ilha a uns meros 500 milhões de anos-luz de distância.

Também conhecido como Abell 2151, este enxame está repleto de galáxias 
espirais com gás e poeira que formam estrelas mas tem poucas galáxias 
elípticas, que carecem de gás e poeira e estrelas recém-nascidas associadas.

As cores desta composição de céu profundo mostram claramente as galáxias 
que formam estrelas num tom azulado e galáxias com populações estelares
 mais antigas em tons amarelados.

A imagem nítida cobre cerca de 3/4 de grau no centro do aglomerado galáctico,
 correspondendo a mais de 6 milhões de anos-luz à distância estimada do 
enxame. Os picos de difração estão em torno de estrelas de primeiro plano que
 se encontram dentro da nossa Via Láctea e são produzidos pelos apoios do 
espelho no telescópio que capturou a imagem.

Nesta paisagem cósmica muitas galáxias parecem estar em colisão ou em fusão
enquanto outras parecem distorcidas - evidências claras de que as galáxias do 
enxame interagem frequentemente. De facto, o próprio Enxame de Hércules 
pode ser resultado de fusões em curso de enxames galácticos mais pequenos e 
pensa-se que seja semelhante a jovens enxames de galáxias no muito distante 
e primitivo Universo.

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